segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Tenho sede,tenho fome,
e a minha boca insiste
em só dizer teu nome.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009


UM INVERNO SEM FIM
Naquele tempo em que a minha boca ávida
buscava na tua,além do amor,a vida,
guardei teus beijos,todos,dentro de mim.
E,no beijo que me deste na partida,
o prenúncio de um inverno sem fim.
Ficou o frio,foi-se o amor sem despedida,
ficaram em mim teus beijos,minha vida.

*Não sei por que,mas hoje me deu vontade de postar este poeminha que já foi publicado aqui em 01/10/2008 (um ano amanhã!!)

domingo, 20 de setembro de 2009

Não tendo encontrado
o bálsamo que curasse
a sua enfermidade,
prosseguia louco em
seu sonho de Apolo,
não mais um deus
da medicina,mas
ainda um deus da
poesia e da música.
E,ali,diante do Oceano,
com seu violino invocava
às Musas um canto lírico
e esperava que surgisse
das espumas do mar,
trazidas pelas ondas,
não mais Dafne,a mais
bela das mulheres,
aquela cujos olhos
brilhavam como estrelas,
razão da sua enfermidade,
mas,quem sabe,Vênus,
deusa do amor e da beleza,
a mais bela das deusas.

domingo, 13 de setembro de 2009

Enquanto se dirigia para casa,depois de sair do trabalho,ele dizia a sua esposa,que o acompanhava no carro,em um tom melancólico e um tanto dramático:

- Não aguento mais aquele meu patrão.Vive criticando meu trabalho,me tratando como se eu fosse um funcionário qualquer.Há mais de dez anos que eu me dedico à empresa,quase me matando a cada dia para garantir a produção,e ele,só porque tem aquela pós-graduaçãozinha em gestão de negócios,acha que sabe mais do que eu,que pode se dirigir a mim daquela forma arrogante.Tudo bem que ele me paga um bom salário,mas podia me respeitar como um ser humano.Um empregado seu,sim,mas,antes de tudo,um profissional que também tem sentimentos,não é mesmo,meu bem!

Sua esposa,já acostumada com aquelas lamúrias,sem querer esticar a conversa,fez um afago em sua cabeça e disse em um tom animador:

- Hoje é sexta,meu amor,o final de semana está aí.Além do mais,o baile do Rotary,esta noite,vai ser maravilhoso,tenho certeza.

Chegando em casa,ele foi logo se preparar para o baile.Antes do banho,foi lá recomendar à Sérvula que cuidasse da sua roupa,que passasse com muito cuidado aquele seu terno novo.E com uma forte advertência dita em altíssimo e bom som:

- Vê se faz direito o serviço,viu? Quero o terno impecável desta vez.Nada de marcas como naquele outro da semana passada.E lembre que este meu terno é caríssimo.Se estragá-lo,vai ter que ficar uns cinco meses sem receber.Aliás,depois que eu assinei a sua carteira,parece que você ficou mais relaxada no serviço,mais tonta do que de costume.

Sérvula,que já deveria ter largado o serviço há mais de duas horas,ouviu tudo resignada,não sem uma pitada de insatisfação que lhe agitava os pensamentos e fazia arder-lhe os olhos.E não era para menos.Já estava cansada de fazer horas extras e não receber por elas,mas,sobretudo,doía muito nela aquele jeito com que seu patrão lhe dirigia a palavra,sempre áspero e sem jamais colocar um 'por favor' nas frases.
Ela,que não era de se lamentar,acostumada a não ter em casa um companheiro para ouvir uma lamúria sua,foi lá fazer o que o patrão lhe ordenara.Mas,desta vez,resmungava com os seus botões,fiéis ouvintes dos poucos lamentos seus:

- Pôxa,tudo bem que ele é o meu patrão e que é com o salário que ele me paga que eu sustento os meus três filhos,mas bem que ele podia me tratar melhor,né? Tá certo que ele é um homem estudado,tem diploma,mas custava ele me respeitar pelo menos como gente.Afinal,como dizia a minha finada mãezinha -que Deus a tenha - nós somos todos filhos do mesmo bom pai.

sábado, 5 de setembro de 2009

Quando dormes
assim,envolvida
em meus braços,
repouso em ti
os meus sonhos.
No teu corpo,
abraço o que existe,
e,olhos fechados,
vivo a ventura de
dormir a tua noite.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Como um bicho faminto,
miro este teu pedaço,
território de meus beijos,
sigo curvas,linhas,traços,
os meus olhos perdidos
entre sombras e tecidos.
Mas se,faminto,desejo
esta tenra carne tua,
e como um bicho quero-a
logo em minha boca,
é bom que saibas
que te quero inteira,
porque tu,inteira,me
prendeste à fortuna
de viver sempre
com fome de te amar.



quarta-feira, 12 de agosto de 2009


Esforçando-se para escapar do seu destino,
tanto fez que prendeu-se a este.
E com o mesmo destino que o prende,
vai aprendendo a conduzir-se na vida.
Por isso,a cada dia,corpo e mente,
investe-se de uma coragem fatal.
Sabe que nunca chegará a super-homem,
mas aprendeu com o seu destino
que já possui um poder considerável,
o supremo poder da reação.

sábado, 8 de agosto de 2009

Saí da nossa cama de mansinho,
não quis interromper teu sono de anjo.
Já preparei nosso café,está à mesa.
Enquanto espero,paciente,que te despertes
ponho-me,em silêncio,a contemplar-te.
E é assim,adormecida num altar,
que te vejo minha Deusa,única e adorada,
a quem entrego,corpo e alma,a minha vida.
E,vendo teu corpo assim desfalecido,
porque foi nele que vivi mais uma noite,
me vejo,agora,tentado a despertar-te
porque preciso urgentemente te dizer,
antes que as lágrimas me deixem mudo,
que eu te amo muito,muito,muito...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Esta é uma história que se repete com frequência na minha vida.Considero-me um privilegiado por isso.Não sei se é pieguice minha e nem sei se entendem o que quero dizer aqui.Falo de um sentimento que não dá pra mostrar,só pra sentir.


Chego em casa e é uma festa!Parece que há um milhão de braços prontos para me envolver carinhosamente.Passo os dias com a família envolvido em muitos sentimentos ,mimado pela comida caseira,bolos,café com leite e doces feitos com amor pela mamãe,risos,lembranças,alguns resmungos,até alguns desacertos,mas,sempre,muito amor e cumplicidade de quem possui o mesmo sangue e carrega um mesmo sobrenome.
Na hora de partir,o sentimento é o mesmo de sempre.Dá um nó na garganta,uma vontade de mudar de planos,de desfazer as malas,de ficar para sempre.Mas não posso,os compromissos me chamam e o destino de viver longe,traçado na pele,conflitante com o coração,deve seguir.
Eu só sei que sempre parto com uma dor no peito,mas com a alma leve e o coração carregado do amor que ganho dos meus irmãos,dos meus pais,da minha família.


Acho que não consegui mostrar-lhes o sentimento que me toma nessas ocasiões,não é mesmo?Imaginem-se envolvidos por uma gota de orvalho...acho que é isso.


segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ando cansado,mas
espero-te,por que não?
Na minha garganta,
há um choro contido?
No meu coração,
um silêncio varrido?
Na minha cabeça,
um vazio sentido?
É só cansaço,logo passa!
Na minha pele,
a tua ausência é negada,
e na minha boca,ainda molhada,
persiste o gosto da tua presença.

domingo, 5 de julho de 2009

Por favor,
espera-me um pouco mais.
Sei que o sol já está prestes a raiar
e que o nosso tempo será pouco
sob a luz complacente do luar.
Fiquei perdido como um louco,
tentando escrever aquela poesia
que eu te prometi noutro dia.
É que eu quis criar palavras novas
que te dessem,do meu amor,a prova,
já sabendo em vão meu intento,
pois que meu amor é infinito
e não sou bom em inventos.
Agora,com o coração aflito
e ainda longe dos braços teus,
sussurro o juramento já dito:
Eu te prometo,meu amor,
que,além de te fazer poesias,
ainda que pobres de arte,
em cada instante dos meus dias,
eu porei os braços meus,
o meu coração e a minha alma
a construir,em mim,o homem
que mereça alcançar-te.

domingo, 21 de junho de 2009

É de ti,meu amor,
que me vêm,todas as noites,
o calor que me aquece a alma
e a vida que me enche o coração.
Se é muito o tempo
que eu te amo,desde quando
nem mesmo existíamos,
muito mais é o tanto
que eu te amo,amada minha,
mais que os tempos todos reunidos,
mais que a soma de todas as estrelas,
mais que o infinito do universo.
E as minhas noites,
mesmo as de tempestades,
de frio intenso e solitárias,
são sempre belas,
minha amada,
porque têm a tua face.

sexta-feira, 12 de junho de 2009


( Gwyneth Paltrow e Joseph Fiennes em cena do Filme 'Shakespeare Apaixonado' )

"Romeu e Julieta" é considerada a primeira autêntica tragédia de William Shakespeare.Por ser tão popular e,possivelmente,a mais banalizada das obras de Shakespeare,talvez o seu lirismo e a sua beleza não sejam devidamente percebidos,especialmente por muitos que só a conheceram nas versões para o cinema e televisão,e até mesmo por alguns que a viram encenada em um palco.
Creio ser impossível ler uma obra de Shakespeare e não se encantar com a beleza e a profundidade de cada frase,de cada verso,sempre reveladores da natureza humana.Aliás,em sua obra "Shakespeare: a invenção do humano",o crítico literário americano Harold Bloom afirma que antes de Shakespeare,o homem era um personagem de dimensão inexistente,e considera que o dramaturgo inglês,fez mais do que representar o homem em sua obra;ele,de fato,o inventou.
Mas não quero,aqui,discutir Shakespeare e sua obra.Nem saberia.Sou um simples leitor e admirador seu.Quem sabe um dia me arrisque a tal.
A minha intenção,hoje,é falar de amor em um dia dedicado aos namorados.Por isto falo de "Romeu e Julieta",a mais bela tragédia romântica de todos os tempos.E para aqueles que muito enfatizam o triste desfecho dos dois jovens amantes,é bom que se lembrem da dimensão do amor deles,evidenciada em seus diálogos de grande exuberância verbal com belos e comoventes versos,e de que a obra é,sobretudo, um triunfo do lirismo dramático já que,ao fim,morrem os amantes e não o amor.
Transcrevo,aqui,duas passagens dessa obra retiradas de uma edição que tenho há mais de vinte anos,de uma coleção da Editora Abril de 1978.Elas me marcaram muito já na primeira leitura.Ambas estão no Ato II.A primeira,na Cena II,traz um ardente diálogo entre os dois amantes.A segunda,na cena VI,é uma das mais belas declarações de amor que eu conheço,e sai da boca de Julieta no momento em que ela e Romeu estão selando sua união diante do Frei Lourenço.
Ei-las,pois,para o deleite dos corações apaixonados:

Cena II

(...)ROMEU - Senhora,juro por essa lua que coroa de prata as copas destas árvores frutíferas...
JULIETA - Oh! Não jures pela lua,a inconstante lua que muda todos os meses em sua órbita circular,a fim de que teu amor não se mostre igualmente variável.
ROMEU - Por que devo jurar?
JULIETA - Não jures de todo ou,se quiseres,jura pela tua graciosa pessoa que é o deus de minha idolatria e acreditar-te-ei!
ROMEU - Se o profundo amor de meu peito...
JULIETA - Bem,não jures.Embora em ti esteja a minha alegria,nenhuma alegria me causa o juramento desta noite;é por demais brusco,temerário,repentino,muito semelhante ao relâmpago que se extingue antes que possamos dizer: "Está já relampejando!". Doce coração,boa noite! Este botão de amor,sazonado ao hálito ardente do estio,talvez se haja convertido em bela flor,quando de novo voltarmos a nos ver.Boa noite! Que doce e calmo repouso alcance teu coração,como o que acalenta dentro do meu peito!
ROMEU - Oh! queres deixar-me assim tão insatisfeito?
JULIETA - Que satisfação podes ter esta noite?
ROMEU - A troca com o meu de teu fiel juramento de amor.
JULIETA - Já te entreguei o meu,antes que pedisses e quisera fazer-te de novo meu juramento.
ROMEU - Querias tomá-lo de mim?
JULIETA - Para ser generosa e entregar-to outra vez.Só aspiro à coisa que possuo.Minha bondade é tão ilimitada quanto o mar,e tão profundo como este é meu amor.Quanto mais te dou,mais tenho,pois ambos são infinitos.(...)

Cena VI


(...)JULIETA - O sentimento,mais rico em matéria do que em palavra,se glorifica de sua substância e não de seu ornamento.Só os mendigos podem contar suas riquezas.Meu verdadeiro amor cresceu até o excesso,de tal modo que não mais posso somar a metade de meu tesouro.(...)


sexta-feira, 5 de junho de 2009

Eu que,quando menino,
por vezes,curioso, ocupei-me em saber
que mistério havia numa chuva que caía,
agora que sou homem,embora não me ocupe
de previsões do tempo,muito menos de profecias,
preocupam-me,ainda,os mistérios,os muitos
que me consomem e desafiam a minha pouca ciência.
E há,nesta chuva que agora,lá fora,cai,
um misterioso fogo,daqueles que consomem
os amantes abandonados,pobres coitados!
Eu que não falo mais como um menino,
que não sinto mais como um menino,
que nunca soube falar a língua dos anjos,
que só sei falar a língua dos homens,
te agradeço,amada minha,
por me protegeres da chuva que agora cai
e,em verdade,te digo,a pretérita profecia:
SEM TEU AMOR,EU NADA SERIA.

sábado, 30 de maio de 2009


Em um,
mais forte,
a chama segue viva.
A mesma chama que,
mantendo-o vivo
e seguindo acesa,
consumi-lo-á até o fim.
O outro,
mais frágil,
sentiu que deveria
apagar a chama.
E,pensando que,
apagada a chama,
preservaria a vida,
antecipou o seu fim.


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ainda é outono,
de amores suaves e
desejos transbordantes.
E as flores de maio
lembram que o tempo
de estio é limitado.
De repente,como o Sol
em cada aurora,
pulsa em meu coração,
a mesma verdade,
mil vezes dita outrora:
Vivo desejando
um milhão de coisas,
mas só preciso de ti
para viver.




domingo, 17 de maio de 2009

UM CONTO

Estava já arrumando as gavetas da minha mesa,pronto para o último suspiro de uma dura semana de trabalho que findava,quando meu chefe entrou em minha sala e foi logo anunciando que precisava de um favor meu.Por alguns segundos,imaginei-me mergulhado em relatórios de auditoria,longe daquela praia onde sonhava mergulhar há dias.E,antes mesmo que meu chefe me dissesse do que se tratava o tal favor,fui logo dizendo,com um sorriso que escondia qualquer contrariedade: 'Está em Vossa Majestade,pelo jus da soberania,não pedir-nos um favor,mas ordenar-nos como o queira vosso augusto prazer'. A reação dele foi interessante.Sorriu timidamente e disse: 'Não quero incomodá-lo,é só se for possível',e,em seguida,emendou: 'De onde você tirou isso?'.Tive,então,de explicar-lhe que aquelas palavras,descontadas as imprecisões da minha memória,estavam em uma famosa tragédia de W. Shakespeare,e foram ditas por um dos amigos de Hamlet como resposta a um pedido da Rainha (essa,sim,uma Majestade),para que ele,o amigo,descobrisse o que atormentava seu filho Hamlet.
Feita a explicação,meu chefe,por pouco,não se esqueceu do favor.Mas,no fim das contas,o que ele queria de mim esbarrava em detalhes técnicos que fugiam da minha alçada (a conclusão foi dele mesmo,e não me magoou nem um pouquinho).Ele se despediu de mim,desejando um ótimo final de semana e agradecendo as bonitas palavras,as quais copiou,cuidadosamente,em sua agenda,anotando,inclusive,a fonte.Vi que ele escreveu Chaquespir,mas não quis corrigi-lo,afinal,dizem,"o chefe sempre tem razão".
Fui para casa,depois de resistir aos clamores dos meus amigos de trabalho para ficar um pouco mais no Bar da Esquina,onde gozávamos um happy-hour,uma tradição das nossas sextas.Já era noite e eu tinha visitas em casa,um casal de amigos,do Sul,que já estava há dez dias em minha casa e iria embora no sábado (bendito sábado,sagrado dia do descanso).
Ao chegar em casa,recebi dos meus amigos a notícia de que eles resolveram ficar por mais dois dias.Isto mesmo,eles já estavam lá há dez dias,e resolveram ficar mais dois.E,ao me dar a notícia,fizeram uma série de elogios ao anfitrião,enchendo-me de qualidades que eu nem de longe imagino ter.Disseram que a minha casa era muito aconchegante e que,para compensar os dois anos que não nos víamos e a distância que nos separava,era preciso ficar um pouco mais.Para finalizar,usando bonitas palavras (não as memorizei),meu amigo me agradeceu a acolhida até aquele dia e desculpou-se pelos possíveis transtornos que o prolongamento da visita viesse a me causar.Sorri,mais um sorriso que escondia qualquer contrariedade (estava ficando bom nisso!),agradeci todos os elogios e disse com a naturalidade de um Chefe de Estado em uma reunião da ONU: "Todos os meus serviços,mesmo que fossem dobrados e redobrados,seriam uma simples e pobre coisa comparados às vastas e grandes honras que vocês,meus amigos do peito,cumulam em minha casa.Os benefícios passados e os recentes que vocês acabam de acrescentar em minha vida fazem com que eu me torne seus eremitas".
Mal terminei de falar e meus amigos me lançaram olhares indecifráveis,mas a meiguice que neles prevalecia me fez pensar que gostaram do que eu disse.Agradeceram-me as palavras e,cansados dos passeios do dia,trataram de ir para o seu quarto,desejosos de uma noite de sono reparadora que os permitissem mais passeios no dia seguinte pelos museus da cidade,na companhia,é claro,do amigo do peito.Feitas as despedidas e ditos os 'boas noites',fui me preparar para uma noite que me garantisse um dia seguinte ameno.
No dia seguinte,ao sair do quarto,encontrei meus amigos na sala,malas e bolsas perto da porta.Não esperaram nem que eu expressasse minha surpresa e já foram dizendo logo que mudaram de idéia e resolveram partir naquela manhã mesmo.Meu amigo disse que teve um sonho estranho.Nesse sonho,disse ele,viu-se como o Rei Duncan,da Escócia,na noite em que este se hospedou na casa de Macbeth,um de seus valentes generais,que,auxiliado por sua esposa,mata o soberano enquanto ele dormia.
Foi,então,que me lembrei de que esse meu amigo,ao contrário do meu chefe,era um grande conhecedor da obra de Shakespeare.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Se estamos de mãos dadas,
não me importa o vento frio
que me castiga o rosto,
nem se é longo
e árduo o caminho.
Eu te levo ou tu me levas?
Não me importa também.
O que me importa é que
de mãos dadas sigamos,
cultivando o sentimento
que nasceu em nossos corações
como o mais belo dos frutos,
o melhor que nossas mãos
souberam plantar.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Amar-te é meu desejo
maciço e permanente.
Eu te disse depois
do nosso primeiro beijo
que,em mim,
a fonte do amor
é a mesma do desejo.
E,desde então,
toda vez
que te entrego
o meu corpo
e,delicada,
tu o possuis
em nosso leito,
antes de meus lábios,
tua boca sempre
busca o meu peito.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Entre a tempestade
lá de fora
e o calor dos nossos corpos
aqui dentro,
o vidro embaçado da janela.
Tendo eu já dito
de mil formas
(verbo e carne)
que te amo,
com as letras
de todos os alfabetos,
esbocei nele,
traço imperfeito,
o pedaço do meu corpo
que te entrego,
tu o sabes,
abrigo destinado
a proteger-te
de todas as tempestades.

terça-feira, 21 de abril de 2009

E como não amanhecer sorrindo?
Não bastasse o simples fato
de estar vivo,
ao acordar,me vejo
em pleno paraíso.
Nos meus olhos,
livres de um sonho,
surge você,princesa,
imagem tão real,
doce menina,
suave bailarina,
metade flor
e,inteira,meu amor.

quarta-feira, 15 de abril de 2009



Naquele banco,onde se sentava por todas as manhãs,ele tentava recuperar as energias de uma caminhada matinal,e,sobretudo,descansava o corpo já castigado pela perda da saúde física que o peso dos anos lhe causara.E perdia-se em pensamentos e lembranças.
Era mesmo um homem já acostumado a perdas.Os filhos se foram,cada um para um canto,certos de que a vida exigia deles compromissos maiores e inadiáveis,inclusive o de serem pais zelosos e homens bem-sucedidos.Essa era uma perda que ele lamentava muito,mas com a qual se conformava sempre que ouvia notícias de que os filhos estavam bem.
Desde que perdera sua esposa - a maior e mais dolorida de todas as perdas - a amada companheira de longos anos,ele levantava muito cedo,mal tomava seu café,e partia para sua caminhada,uma prova de resistência,uma prova de vida.E sempre o mesmo trajeto,as mesmas atividades.Uma passada na banca de revistas,um jogo de damas com os companheiros na praça,uma volta no lago,uma visita à biblioteca pública onde se encontrava ao se perder nos livros...
Daquele banco,ele observava a vida que seguia pelas ruas da cidade.De vez em quando,tinha a companhia de alguém e puxava uma conversa,pronto para sentir o calor de alguma palavra que lhe trouxesse uma emoção daquelas que só as suas lembranças e as suas leituras lhe traziam ultimamente.
Agora,sentado ali,pensava no quanto era raro uma palavra a ele dirigida e no quanto a sua vida se tornava imperceptível para as vidas que seguiam pelas ruas num ritmo e numa dureza que jamais caberiam em seu coração.Sentiu-se,por um instante,como uma peça que já não mais se encaixava na engrenagem do mundo e a qual só caberia o destino do que já não mais é.E,triste,chorou,um choro escasso de lágrimas,riacho apenas,próprio de quem já chorou oceanos.Mas bastou esse riacho para que ele sentisse,no instante seguinte,a sua vida a pulsar.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Amada minha,
entrego-te,feliz,
meus lábios,
ávidos por
acolherem os teus.
É da tua boca
que escorre,
suavemente,
rumo ao meu coração,
a seiva que alimenta
a minha alma.

domingo, 5 de abril de 2009

("O leito de morte de Mme. Bovary",tela de Albert Auguste Fourie)



Estava ali,diante de sua amada,um corpo frio prestes ao último suspiro.Queria se manter forte,mas soluçava um choro incontido,as lágrimas desaguando em seus lábios que tremiam e se preparavam para um grito.
Em seus olhos,as lembranças de um amor que lhe deu a vida,a promessa que fizera a sua amada,diante do altar,de um amor para sempre,na saúde e na doença,na alegria e na tristeza,até que a morte os separasse.
E,sentindo próximo o último suspiro,apertou as mãos da sua doce amada,beijou a sua face e com os lábios trêmulos e o coração afogado sussurrou com ternura: 'Amor da minha vida,que a morte não nos separe'.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Eu te amo,eu te amo,eu te amo...
Eu já te disse isto tantas vezes
e vou continuar te dizendo
porque meu coração,abrigo teu,
barro cozido em fogo de amor intenso,
me pede que eu o diga sempre.
Este meu coração
que já não pede mais
o conforto de permanecer ao calor
e que,ao continuar pulsando,
mantem fluida,fresca
e,sobretudo,inesgotável
aquela veia que ainda haverá
de saciar todas as nossas sedes
e fazer transbordar aquele oceano
por onde navegaremos sem rumo,
dois amantes reencontrados,
perdidos de amor.

sexta-feira, 27 de março de 2009


A minha semana foi tão corrida que não tive tempo para análises.Minha mente se rendeu à síntese e andei balbuciando frases curtas até quando discuti sobre o futebol do meu time no meio da semana,com algumas imperfeições de sintaxe,é claro.
Pensei,então,em aproveitar o momento para postar uma frase que compus ainda na adolescência,a qual atrevo-me a classificar como aforismo.Se bem que não é tanto atrevimento assim,a julgar pelo que disse um grande aforista,Karl Kraus (1874-1937),escritor e jornalista austríaco,um dos maiores satiristas da língua alemã do século XX.Ele disse: "O aforismo ou é uma meia-verdade,ou uma verdade e meia".
Talvez a minha tal frase traga uma meia-verdade.Tanto faz.O certo é que me empolguei e já pensei em outra.Que me aguentem,meus caros leitores.Ei-las:

Reconheço meus defeitos,observando suas qualidades.


Ele era tão perfeito,mas tão perfeito que sua existência foi totalmente ignorada antes mesmo de ele morrer.


PS:Vocês perceberam que eu ando mesmo é sem inspiração.A história da síntese é puro pretexto.
Ah!Eu não ando triste meus amigos e minhas amigas.Longe disso!

domingo, 22 de março de 2009

Eu te juro,
e não se trata de um gesto nobre,
não há tristeza que me dobre.
Se do meu peito dolorido
saem gritos de um triste pranto
que espantam minha calma,
invento um canto
que acalante minha alma.
E,humano que sou,sigo errante,
triste em uma esquina,
alegre noutra,logo adiante.
Se a tristeza de agora
é só porque foste embora
e já não sou mais amado,
resta-me prosseguir,te amando,
a travessia do meu fado.
E,procurando-te em toda parte,
encontro-te sempre que me deito
e me ponho,feliz, a sonhar-te.
Quanto ao amor,resta-me o peito!

quarta-feira, 18 de março de 2009

E porque sei que pode ser amargo
recitar tristezas e saudades,
envio-te,junto aos versos meus,
uma rosa branca,pétalas puras de silêncio,
para que sintas nela o cheiro adocicado
dos meus olhos marejados de amor,
os mesmos olhos que hão de sorrir
quando voltares e,com teus beijos,
silenciares minha dor.

domingo, 15 de março de 2009

Vem,
me banha com o teu suor,
recolhe com a tua língua
cada gota de amor
que escorre em minha pele.
Há em mim uma urgência
de te sentir toda minha,
um desejo de ter meu corpo
molhado pelos beijos
que saem da tua boca
inundada de desejos.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Assim são nossas noites.
Porque te amo,cubro-te com carícias,
enquanto recolho teus afagos,
e celebro nosso amor lendo para ti
os mais belos versos de Shakespeare,
do Drummond,do Vinícius,do Neruda...
e até alguns meus,por que não?
E fico sempre esperando
dos olhos lânguidos teus,
que me observam com doçura,
o teu querer urgente
de se precipitar na minha urgência.
Mas é quando vem o cansaço
dos nossos corpos,
depois de se entregarem
a um prazer sem medida,
que eu mais sinto vontade
de te demonstrar todo o meu amor,
de te dizer que quero sempre zelar por ti
e,como um anjo,vigiar teu sono.

domingo, 8 de março de 2009


Como um dia especialmente dedicado às mulheres de todo o mundo,seria bom que nós,homens,o aproveitássemos não só para hoemenageá-las,mas,sobretudo,para aprendermos o significado da data e refletirmos sobre o que andamos fazendo para que haja a igualdade plena entre homens e mulheres.
Eu,de minha parte,posso dizer que recebi de uma mulher especial,minha mãe,lições suficientes para tratar como igual todo ser humano,e vou aprendendo com todas as mulheres,conhecidas e desconhecidas,algumas mais especiais para mim que as outras,que somos,homens e mulheres,iguais,ainda que diferentes.
A minha intenção,aqui,hoje,é a de render uma homenagem a todas as mulheres deste mundo,mas minha insensibilidade masculina não me permite escrever as palavras bonitas que penso que elas merecem ler e ouvir,não só hoje,mas em todos os dias.Por isto vou deixar para uma poetisa,sensível e inteligente,conhecedora da alma humana,as palavras que servirão como uma homenagem minha às mulheres.
Antes de passar a palavra para a poetisa,deixo,aqui,um sincero pedido de perdão,sem a licença dos demais, à todas as mulheres que sofreram e ainda sofrem todos os tipos de violência e discriminação dos desumanos homens.E já foram tantas ao longo da história,como aquele massacre contra as mais de cem mulheres tecelãs que lutavam por seus direitos,ocorrido em 8 de março de 1857 na cidade de Nova York,e que serviu de marco para mais tarde se estabelecer o Dia Internacional das Mulheres.
Expresso também o meu desejo de que as mulheres continuem firmes e obstinadas em sua luta pela igualdade e por um mundo melhor,e a minha vontade,limitada à condição de homem,de ser um aliado nesta luta.
Às mulheres de todo o mundo a minha reverência e o meu apreço.
Agora,com a palavra: Adélia Prado.
COM LICENÇA POÉTICA
Quando nasci,um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta,anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim,ora não,creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.Cumpro a sina.
Inauguro linhagens,fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição para homem.
Mulher é desdobrável.Eu sou.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Porque um dia nasceste,um dia renasci.


Eis que um dia,criatura divina,
surgiste no universo.
Do poema da criação,
o mais belo,o definitivo verso.
Imprescindível que viesses,
para que a obra fosse completa.
Trouxeste ao mundo beleza
e a luz que cada estrela irradia.
Hoje,o dia é todo teu
e o universo te reverencia.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Dispomos de um caderno,
folhas brancas a serem preenchidas.
Lancemo-nos a ele com entusiasmo
e não percamos a nossa chance,
talvez única,de preenchê-lo
com versos bem escritos e substanciais,
e garantir o maior número possível
de belas e edificantes histórias
dentro das folhas de
que dispõe nosso caderno.

sábado, 21 de fevereiro de 2009


Mandei-te flores logo pela manhã.
Dúzias de rosas que colhi em meu jardim.
Junto com elas,paciência artesã,
um bilhete lavrado em nanquim.


Fui atrevido,disse claro o que queria.
Propus-te em prosa uma noite de prazer,
mas não sem antes te dizer em poesia
que te amo e te preciso em meu viver.


Agora que a noite,enfim,venceu o dia,
fico louco,esperando que tu venhas,
loba faminta,fera selvagem em pleno cio.


É teu meu corpo,desejo que o tenhas,
que o devores sem que chegues ao fastio,
servido ao vinho em minha cama macia.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Repito o gesto.
Lanço-me à janela,
refaço aquela cena.
Teus passos lentos,
confusos e perdidos,
atravessando as ruas,
levando teu corpo
para longe dos meus olhos.
Mas só repito o gesto
e me lanço à janela
porque te amo,
porque meu coração
é teu abrigo,
porque ainda espero
uma nova cena.
Teus passos apressados,
delicados,mas firmes,
atravessando as ruas,
trazendo de volta teu corpo
para perto dos meus olhos,
me devolvendo a vida.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Estava ali
para descansar o corpo.
Pensando em você,
senti-me flutuar,
quase alcancei as nuvens.
No balançar da rede,
um vai-e-vem
de sentidos confusos.
Uma felicidade enorme,
mesmo com o peito
ardendo de saudade.
Essa saudade,
oceano sem fim,
que me trazia aos olhos
nossos momentos de amores,
o seu rosto lindo,
o seu sorriso gostoso,
o seu olhar carinhoso.
Essa saudade,
brisa da manhã,
que me trazia do mar
o seu doce perfume
e derramava em minha pele
o sabor dos seus beijos.
Essa saudade
que me mantém vivo,
alimento do meu amor distante.
E o balanço da rede
tornou suave
a dor da sua ausência
e,mais que a brisa,
me fez sentir sua presença,
como um anjo
a me embalar no colo,
a me envolver nos braços.
E,de repente,
minha alma
pôs-me um sorriso na boca
e,descansada,
dormiu.

(Estive ausente,embalei-me em outras redes,descansando-me e dando um descanso aos meus amigos leitores.Agradeço de coração aos que por aqui passaram por esses dias e me deixaram o carinho costumeiro,mesmo quando não o expressaram em palavras.Prometo visitá-los todos,mas devagar pois ainda estou no ritmo daqueles que se deitam em uma rede na beira do mar,na sombra,é claro,sem pressa de dormir e muito menos de acordar.)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Ao me negares uma palavra,
um gesto de carinho,
sem querer,
vais me matando
de mansinho.
Mas não reclamo e,
sereno,te agradeço.
Deste-me já muito
mais do que mereço
e minha inteira existência
só a ti é pertencida
pois foste tu
que me deste a vida.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Devia ser madrugada ainda
quando você saiu.
Pelo jeito,de mansinho.
Foi cuidadosa,
não quis me acordar.
Não me beijou,eu sei,
antes de partir.
Não deixou sequer
um bilhete de adeus.
Agora,da janela,
ainda sinto no vento
que me acaricia o rosto
o seu perfume suave
e vejo,ali na rua,
a rosa que,ontem, eu lhe dei.
Algo me diz que devo sair
e pegar aquela rosa
que ainda é sua.
Talvez a esperança de que ela,
minha mais nova
companheira de abandono,
ao ouvir a queixa que
me sai dos olhos tristes,
me fale
(mas que bobagem!)
o rumo que você tomou.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Em nossa vida,estamos sempre sendo colocados diante de escolhas,de tomadas de posições.Se para isso acreditamos no diálogo,é preciso que,antes de tudo,entendamos a nossa relação com a verdade.É a verdade uma só ou ela nem mesmo existe?
Há os que acreditam que cada um tem a sua verdade,o que pode levar à conclusão de que as verdades se valem.Há quem pense que a sua é a única verdade e que os outros,não pensando como ele,estão errados e devem ser corrigidos.
Creio que dialogar é sempre o melhor caminho e que o verdadeiro diálogo só é possível entre os que acreditam numa verdade que conviva com as outras.Vivo desconfiado dos que se agarram de forma absoluta as suas verdades e me afino com os dizeres do escritor russo,poeta e romancista,Boris Pasternak (1890 - 1960),que li há muito tempo e guardo na memória como um ensinamento que transformou meu ser:
"Tudo o que é escrito,ordenado e factual nunca é suficiente para abarcar toda a verdade.A vida sempre transborda de qualquer cálice".

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

( PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DA FAIXA DE GAZA)

Pensei em não falar do conflito atual na Faixa de Gaza,da ofensiva israelense àquele território, visando à eliminação do Hamas,uma organização palestina que não reconhece a existência do Estado de Israel e controla a Faixa de Gaza.Mas não resisti e senti vontade de falar,mesmo correndo o risco de não dizer nada.
O que sei dos conflitos que se estabelecem no Oriente Médio é o que li nos livros de História e nos jornais e vi nos documentários e noticiários de televisão.Não tenho aqui a pretensão de fazer nenhuma análise sobre eles.Nem tenho capacidade para tal.Vou só colocar aqui o meu sentimento sobre a construção das guerras na história da humanidade,de forma bem simples,talvez ingênua,sem me ater ao atual conflito.Não vou tomar partido de judeus ou palestinos,nem optar por atribuir ao Hamas o status de grupo militar terrorista e de resitência islâmica,que aterroriza a vida dos judeus,ou de um grupo político e de assistência social,que constrói escolas,hospitais e distribui comida para o povo e,com isso,ganha amparo de parte da população palestina numa causa que considera justa.Mas não posso deixar de expressar uma convicção,que é minha e de muitos, de que o uso da força é sempre o pior meio de se resolver qualquer conflito,e a minha quase convicção de que a história humana é uma história de guerras.
Procurei colocar,aqui,uma imagem bem amena ao invés de uma das muitas que foram divulgadas pelos meios de comunicação que traduzem parte da crueldade e dos horrores vividos,especialmente,pela gente palestina.E,se digo parte da crueldade e horrores,é porque penso que de uma imagem,por mais real que seja, só se podem fazer abstrações.A imagem acima combina mais,creio,com os versos que seguem,simples,despretenciosos e que foram pensados sem esta introdução,inspirados no momento atual,frutos das minhas humildes reflexões de agora e de antes.
Terra,uma imensidão de terras e águas.
Da terra e da água,o barro.
Do barro,o homem.
E esse homem,
cujo atávico destino é o retorno ao pó,
quis compor outros destinos.
E dotou-se dos mais diversos
e contraditórios sentimentos:
amor,ódio,cobiça,ambição,justiça,
coragem,covardia,medo,bravura,
crueldade,ternura e tantos mais.
Muniu-se de lanças,balas,canhões,mísseis,
armou-se de ideologias,de crenças e de religiões
e saiu traçando riscos sobre a Terra,
transformando-a numa colcha de retalhos,
somando,subtraindo,multiplicando,dividindo,
demarcando faixas e sub-faixas de terras,
criando cidades,estados,países,impérios,
promovendo condomínios,favelas,guetos
e até uma Faixa de Gaza.
E segue o homem rumo ao seu atávico destino,
amando,odiando,matando,morrendo,
construindo,destruindo,atacando,defendendo,
traçando novos riscos
e fazendo do Planeta Terra
um imenso palco de guerra.





sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

(Cena do filme Encontro de Amor,com Jennifer Lopes e Ralph Fiennes)
Um dia,de repente,meus olhos
experimentaram uma visão sublime,
de uma beleza sem medida que me fez levitar.
Duvidei da realidade daquele instante.
Não me coube dizer nada,não soube dizer nada.
Guardei em minhas retinas aquela imagem.
E,assim,em meus olhos,abertos ou fechados,
a prova de uma existência que me bastava.
Um dia,de repente,meus olhos encontraram você.
E aquela imagem,guardada em minhas retinas,
se reconheceu na mulher diante de mim.
Então,como se decifrada a senha,
todo o meu corpo foi invadido pelos seus sentidos.
Meus olhos se enterneceram com os seus olhos,
meu coração se encantou com a sua ternura,
minhas mãos sentiram as suas mãos suaves,
minha alma reverenciou a sua alma.
E,naquele instante,
desejei seus lábios colados aos meus,
selando o encontro de um amor sublime.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Naqueles beijos,o tremor dos corpos,
um feitiço em nossas peles que fazia
arder cada poro.
No roçar dos nossos lábios,
o millagre transcorrendo,
desvendando segredos que iriam
desaparecer para sempre.
O mundo ficou longe.
Ali,o tempo era indivisível.
Aquele momento era tudo.
O antes já não havia mais
e o depois o faríamos nós dois.
Na confusão de nossas almas,
nossos desejos se encontravam.
Nos labirintos de nossos corpos,
o amor fluia solto,
enquanto nossos dedos
iam compondo em nossas peles
juras de amor eterno.
E,de repente, nossos lábios,
já extenuados de suspirar delírios,
gritaram o êxtase daquele momento
na única frase que podia ser dita,
a confissão que nossos olhos
já haviam feito no primeiro olhar,
guardada em nossos corações:
EU TE AMO!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Era madrugada quando acordei gritando.
No quarto,um eco de solidão e ausência.
Minha alma queria fugir,jogar-se pela janela.
Meu coração batia forte no peito,descompassado.
Ela se inscreveu em mim para sempre,
roubou meu coração,minha respiração,meus sentidos.
Agora,distante,insistia em roubar-me o sono
nas lembranças que me alucinavam
e enchiam de gritos o silêncio da ausência.
Eu precisava apaziguar meu corpo,
conciliar o sono,conter minha saudade.
Peguei,então,a foto dela no criado-mudo,
acariciei seu rosto com as pontas dos dedos,
estendi-me na cama com aquela foto sobre o peito
e conciliei o sono conversando com ela
na penumbra do quarto.
Não podia ouvir a sua voz,
mas sentia a sua presença,
o seu calor que inflamava cada pedaço de mim.
E,assim,fechando os olhos,e falando com ela,
pensava que ela poderia me escutar de onde estivesse.
Agora,eu resistia a entregar-me ao sono
e começava a pensar nos versos que eu iria escrever.
Porque é preciso escrever uma carta de amor
para que eu não me sinta tão só.

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