segunda-feira, 27 de abril de 2009

Entre a tempestade
lá de fora
e o calor dos nossos corpos
aqui dentro,
o vidro embaçado da janela.
Tendo eu já dito
de mil formas
(verbo e carne)
que te amo,
com as letras
de todos os alfabetos,
esbocei nele,
traço imperfeito,
o pedaço do meu corpo
que te entrego,
tu o sabes,
abrigo destinado
a proteger-te
de todas as tempestades.

terça-feira, 21 de abril de 2009

E como não amanhecer sorrindo?
Não bastasse o simples fato
de estar vivo,
ao acordar,me vejo
em pleno paraíso.
Nos meus olhos,
livres de um sonho,
surge você,princesa,
imagem tão real,
doce menina,
suave bailarina,
metade flor
e,inteira,meu amor.

quarta-feira, 15 de abril de 2009



Naquele banco,onde se sentava por todas as manhãs,ele tentava recuperar as energias de uma caminhada matinal,e,sobretudo,descansava o corpo já castigado pela perda da saúde física que o peso dos anos lhe causara.E perdia-se em pensamentos e lembranças.
Era mesmo um homem já acostumado a perdas.Os filhos se foram,cada um para um canto,certos de que a vida exigia deles compromissos maiores e inadiáveis,inclusive o de serem pais zelosos e homens bem-sucedidos.Essa era uma perda que ele lamentava muito,mas com a qual se conformava sempre que ouvia notícias de que os filhos estavam bem.
Desde que perdera sua esposa - a maior e mais dolorida de todas as perdas - a amada companheira de longos anos,ele levantava muito cedo,mal tomava seu café,e partia para sua caminhada,uma prova de resistência,uma prova de vida.E sempre o mesmo trajeto,as mesmas atividades.Uma passada na banca de revistas,um jogo de damas com os companheiros na praça,uma volta no lago,uma visita à biblioteca pública onde se encontrava ao se perder nos livros...
Daquele banco,ele observava a vida que seguia pelas ruas da cidade.De vez em quando,tinha a companhia de alguém e puxava uma conversa,pronto para sentir o calor de alguma palavra que lhe trouxesse uma emoção daquelas que só as suas lembranças e as suas leituras lhe traziam ultimamente.
Agora,sentado ali,pensava no quanto era raro uma palavra a ele dirigida e no quanto a sua vida se tornava imperceptível para as vidas que seguiam pelas ruas num ritmo e numa dureza que jamais caberiam em seu coração.Sentiu-se,por um instante,como uma peça que já não mais se encaixava na engrenagem do mundo e a qual só caberia o destino do que já não mais é.E,triste,chorou,um choro escasso de lágrimas,riacho apenas,próprio de quem já chorou oceanos.Mas bastou esse riacho para que ele sentisse,no instante seguinte,a sua vida a pulsar.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Amada minha,
entrego-te,feliz,
meus lábios,
ávidos por
acolherem os teus.
É da tua boca
que escorre,
suavemente,
rumo ao meu coração,
a seiva que alimenta
a minha alma.

domingo, 5 de abril de 2009

("O leito de morte de Mme. Bovary",tela de Albert Auguste Fourie)



Estava ali,diante de sua amada,um corpo frio prestes ao último suspiro.Queria se manter forte,mas soluçava um choro incontido,as lágrimas desaguando em seus lábios que tremiam e se preparavam para um grito.
Em seus olhos,as lembranças de um amor que lhe deu a vida,a promessa que fizera a sua amada,diante do altar,de um amor para sempre,na saúde e na doença,na alegria e na tristeza,até que a morte os separasse.
E,sentindo próximo o último suspiro,apertou as mãos da sua doce amada,beijou a sua face e com os lábios trêmulos e o coração afogado sussurrou com ternura: 'Amor da minha vida,que a morte não nos separe'.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Eu te amo,eu te amo,eu te amo...
Eu já te disse isto tantas vezes
e vou continuar te dizendo
porque meu coração,abrigo teu,
barro cozido em fogo de amor intenso,
me pede que eu o diga sempre.
Este meu coração
que já não pede mais
o conforto de permanecer ao calor
e que,ao continuar pulsando,
mantem fluida,fresca
e,sobretudo,inesgotável
aquela veia que ainda haverá
de saciar todas as nossas sedes
e fazer transbordar aquele oceano
por onde navegaremos sem rumo,
dois amantes reencontrados,
perdidos de amor.

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