sábado, 30 de maio de 2009


Em um,
mais forte,
a chama segue viva.
A mesma chama que,
mantendo-o vivo
e seguindo acesa,
consumi-lo-á até o fim.
O outro,
mais frágil,
sentiu que deveria
apagar a chama.
E,pensando que,
apagada a chama,
preservaria a vida,
antecipou o seu fim.


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ainda é outono,
de amores suaves e
desejos transbordantes.
E as flores de maio
lembram que o tempo
de estio é limitado.
De repente,como o Sol
em cada aurora,
pulsa em meu coração,
a mesma verdade,
mil vezes dita outrora:
Vivo desejando
um milhão de coisas,
mas só preciso de ti
para viver.




domingo, 17 de maio de 2009

UM CONTO

Estava já arrumando as gavetas da minha mesa,pronto para o último suspiro de uma dura semana de trabalho que findava,quando meu chefe entrou em minha sala e foi logo anunciando que precisava de um favor meu.Por alguns segundos,imaginei-me mergulhado em relatórios de auditoria,longe daquela praia onde sonhava mergulhar há dias.E,antes mesmo que meu chefe me dissesse do que se tratava o tal favor,fui logo dizendo,com um sorriso que escondia qualquer contrariedade: 'Está em Vossa Majestade,pelo jus da soberania,não pedir-nos um favor,mas ordenar-nos como o queira vosso augusto prazer'. A reação dele foi interessante.Sorriu timidamente e disse: 'Não quero incomodá-lo,é só se for possível',e,em seguida,emendou: 'De onde você tirou isso?'.Tive,então,de explicar-lhe que aquelas palavras,descontadas as imprecisões da minha memória,estavam em uma famosa tragédia de W. Shakespeare,e foram ditas por um dos amigos de Hamlet como resposta a um pedido da Rainha (essa,sim,uma Majestade),para que ele,o amigo,descobrisse o que atormentava seu filho Hamlet.
Feita a explicação,meu chefe,por pouco,não se esqueceu do favor.Mas,no fim das contas,o que ele queria de mim esbarrava em detalhes técnicos que fugiam da minha alçada (a conclusão foi dele mesmo,e não me magoou nem um pouquinho).Ele se despediu de mim,desejando um ótimo final de semana e agradecendo as bonitas palavras,as quais copiou,cuidadosamente,em sua agenda,anotando,inclusive,a fonte.Vi que ele escreveu Chaquespir,mas não quis corrigi-lo,afinal,dizem,"o chefe sempre tem razão".
Fui para casa,depois de resistir aos clamores dos meus amigos de trabalho para ficar um pouco mais no Bar da Esquina,onde gozávamos um happy-hour,uma tradição das nossas sextas.Já era noite e eu tinha visitas em casa,um casal de amigos,do Sul,que já estava há dez dias em minha casa e iria embora no sábado (bendito sábado,sagrado dia do descanso).
Ao chegar em casa,recebi dos meus amigos a notícia de que eles resolveram ficar por mais dois dias.Isto mesmo,eles já estavam lá há dez dias,e resolveram ficar mais dois.E,ao me dar a notícia,fizeram uma série de elogios ao anfitrião,enchendo-me de qualidades que eu nem de longe imagino ter.Disseram que a minha casa era muito aconchegante e que,para compensar os dois anos que não nos víamos e a distância que nos separava,era preciso ficar um pouco mais.Para finalizar,usando bonitas palavras (não as memorizei),meu amigo me agradeceu a acolhida até aquele dia e desculpou-se pelos possíveis transtornos que o prolongamento da visita viesse a me causar.Sorri,mais um sorriso que escondia qualquer contrariedade (estava ficando bom nisso!),agradeci todos os elogios e disse com a naturalidade de um Chefe de Estado em uma reunião da ONU: "Todos os meus serviços,mesmo que fossem dobrados e redobrados,seriam uma simples e pobre coisa comparados às vastas e grandes honras que vocês,meus amigos do peito,cumulam em minha casa.Os benefícios passados e os recentes que vocês acabam de acrescentar em minha vida fazem com que eu me torne seus eremitas".
Mal terminei de falar e meus amigos me lançaram olhares indecifráveis,mas a meiguice que neles prevalecia me fez pensar que gostaram do que eu disse.Agradeceram-me as palavras e,cansados dos passeios do dia,trataram de ir para o seu quarto,desejosos de uma noite de sono reparadora que os permitissem mais passeios no dia seguinte pelos museus da cidade,na companhia,é claro,do amigo do peito.Feitas as despedidas e ditos os 'boas noites',fui me preparar para uma noite que me garantisse um dia seguinte ameno.
No dia seguinte,ao sair do quarto,encontrei meus amigos na sala,malas e bolsas perto da porta.Não esperaram nem que eu expressasse minha surpresa e já foram dizendo logo que mudaram de idéia e resolveram partir naquela manhã mesmo.Meu amigo disse que teve um sonho estranho.Nesse sonho,disse ele,viu-se como o Rei Duncan,da Escócia,na noite em que este se hospedou na casa de Macbeth,um de seus valentes generais,que,auxiliado por sua esposa,mata o soberano enquanto ele dormia.
Foi,então,que me lembrei de que esse meu amigo,ao contrário do meu chefe,era um grande conhecedor da obra de Shakespeare.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Se estamos de mãos dadas,
não me importa o vento frio
que me castiga o rosto,
nem se é longo
e árduo o caminho.
Eu te levo ou tu me levas?
Não me importa também.
O que me importa é que
de mãos dadas sigamos,
cultivando o sentimento
que nasceu em nossos corações
como o mais belo dos frutos,
o melhor que nossas mãos
souberam plantar.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Amar-te é meu desejo
maciço e permanente.
Eu te disse depois
do nosso primeiro beijo
que,em mim,
a fonte do amor
é a mesma do desejo.
E,desde então,
toda vez
que te entrego
o meu corpo
e,delicada,
tu o possuis
em nosso leito,
antes de meus lábios,
tua boca sempre
busca o meu peito.

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