domingo, 21 de junho de 2009

É de ti,meu amor,
que me vêm,todas as noites,
o calor que me aquece a alma
e a vida que me enche o coração.
Se é muito o tempo
que eu te amo,desde quando
nem mesmo existíamos,
muito mais é o tanto
que eu te amo,amada minha,
mais que os tempos todos reunidos,
mais que a soma de todas as estrelas,
mais que o infinito do universo.
E as minhas noites,
mesmo as de tempestades,
de frio intenso e solitárias,
são sempre belas,
minha amada,
porque têm a tua face.

sexta-feira, 12 de junho de 2009


( Gwyneth Paltrow e Joseph Fiennes em cena do Filme 'Shakespeare Apaixonado' )

"Romeu e Julieta" é considerada a primeira autêntica tragédia de William Shakespeare.Por ser tão popular e,possivelmente,a mais banalizada das obras de Shakespeare,talvez o seu lirismo e a sua beleza não sejam devidamente percebidos,especialmente por muitos que só a conheceram nas versões para o cinema e televisão,e até mesmo por alguns que a viram encenada em um palco.
Creio ser impossível ler uma obra de Shakespeare e não se encantar com a beleza e a profundidade de cada frase,de cada verso,sempre reveladores da natureza humana.Aliás,em sua obra "Shakespeare: a invenção do humano",o crítico literário americano Harold Bloom afirma que antes de Shakespeare,o homem era um personagem de dimensão inexistente,e considera que o dramaturgo inglês,fez mais do que representar o homem em sua obra;ele,de fato,o inventou.
Mas não quero,aqui,discutir Shakespeare e sua obra.Nem saberia.Sou um simples leitor e admirador seu.Quem sabe um dia me arrisque a tal.
A minha intenção,hoje,é falar de amor em um dia dedicado aos namorados.Por isto falo de "Romeu e Julieta",a mais bela tragédia romântica de todos os tempos.E para aqueles que muito enfatizam o triste desfecho dos dois jovens amantes,é bom que se lembrem da dimensão do amor deles,evidenciada em seus diálogos de grande exuberância verbal com belos e comoventes versos,e de que a obra é,sobretudo, um triunfo do lirismo dramático já que,ao fim,morrem os amantes e não o amor.
Transcrevo,aqui,duas passagens dessa obra retiradas de uma edição que tenho há mais de vinte anos,de uma coleção da Editora Abril de 1978.Elas me marcaram muito já na primeira leitura.Ambas estão no Ato II.A primeira,na Cena II,traz um ardente diálogo entre os dois amantes.A segunda,na cena VI,é uma das mais belas declarações de amor que eu conheço,e sai da boca de Julieta no momento em que ela e Romeu estão selando sua união diante do Frei Lourenço.
Ei-las,pois,para o deleite dos corações apaixonados:

Cena II

(...)ROMEU - Senhora,juro por essa lua que coroa de prata as copas destas árvores frutíferas...
JULIETA - Oh! Não jures pela lua,a inconstante lua que muda todos os meses em sua órbita circular,a fim de que teu amor não se mostre igualmente variável.
ROMEU - Por que devo jurar?
JULIETA - Não jures de todo ou,se quiseres,jura pela tua graciosa pessoa que é o deus de minha idolatria e acreditar-te-ei!
ROMEU - Se o profundo amor de meu peito...
JULIETA - Bem,não jures.Embora em ti esteja a minha alegria,nenhuma alegria me causa o juramento desta noite;é por demais brusco,temerário,repentino,muito semelhante ao relâmpago que se extingue antes que possamos dizer: "Está já relampejando!". Doce coração,boa noite! Este botão de amor,sazonado ao hálito ardente do estio,talvez se haja convertido em bela flor,quando de novo voltarmos a nos ver.Boa noite! Que doce e calmo repouso alcance teu coração,como o que acalenta dentro do meu peito!
ROMEU - Oh! queres deixar-me assim tão insatisfeito?
JULIETA - Que satisfação podes ter esta noite?
ROMEU - A troca com o meu de teu fiel juramento de amor.
JULIETA - Já te entreguei o meu,antes que pedisses e quisera fazer-te de novo meu juramento.
ROMEU - Querias tomá-lo de mim?
JULIETA - Para ser generosa e entregar-to outra vez.Só aspiro à coisa que possuo.Minha bondade é tão ilimitada quanto o mar,e tão profundo como este é meu amor.Quanto mais te dou,mais tenho,pois ambos são infinitos.(...)

Cena VI


(...)JULIETA - O sentimento,mais rico em matéria do que em palavra,se glorifica de sua substância e não de seu ornamento.Só os mendigos podem contar suas riquezas.Meu verdadeiro amor cresceu até o excesso,de tal modo que não mais posso somar a metade de meu tesouro.(...)


sexta-feira, 5 de junho de 2009

Eu que,quando menino,
por vezes,curioso, ocupei-me em saber
que mistério havia numa chuva que caía,
agora que sou homem,embora não me ocupe
de previsões do tempo,muito menos de profecias,
preocupam-me,ainda,os mistérios,os muitos
que me consomem e desafiam a minha pouca ciência.
E há,nesta chuva que agora,lá fora,cai,
um misterioso fogo,daqueles que consomem
os amantes abandonados,pobres coitados!
Eu que não falo mais como um menino,
que não sinto mais como um menino,
que nunca soube falar a língua dos anjos,
que só sei falar a língua dos homens,
te agradeço,amada minha,
por me protegeres da chuva que agora cai
e,em verdade,te digo,a pretérita profecia:
SEM TEU AMOR,EU NADA SERIA.

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