sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O que dizer dessa mulher que me encantou desde os primeiros versos que dela li?
Que palavras poderia eu usar para traduzir os sentimentos que ela desperta em mim a cada vez que eu a leio?Não sei.Cecília sempre me provoca inquietação com o seu lirismo,sempre me provoca felicidade com sua a sua doçura e me deixa enternecido com a sua leveza profunda.
Neste dia em que comemoramos a sua existência perene,eterna,o que eu posso fazer para homenagear Cecília é repetir o que já gosto de fazer há muito tempo:sussurrar seus versos no correr do dia como se estivesse a fazer uma prece,a rezar um terço sem fim.É isto,não há o que dizer a não ser uma prece de gratidão à Cecília Meireles pelas lições de amor que eu encontrei na sua vida,na sua obra.
O melhor é deixar que os versos dela nos invadam hoje e em todos os dias e que o efêmero nesta homenagem de hoje dê lugar ao eterno nos versos de nossa vida.

PÁSSARO

Aquilo que ontem cantava
já não canta.
Morreu de uma flor na boca:
não do espinho na garganta.

Ele amava a água sem sede
e,em verdade,
tendo asas,fitava o tempo,
livre de necessidade.

Não foi desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca em silêncio
a desventura causada.

Se acaso isso é desventura:
ir-se a vida
sobre uma rosa tão bela,
por uma tênue ferida.


AQUI ESTÁ MINHA VIDA

Aqui está minha vida - esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha voz - esta concha vazia,
sombra de som curtindo seu próprio lamento.
Aqui está minha vida - este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança - este mar solitário
que de um lado era amor e,do outro,esquecimento.


Muito obrigado Cecília Meireles.

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