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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
A princípio,por intuição.
Depois fui aprendendo algumas coisas sobre a vida e o tempo
que,para mim,confirmaram minha intuição.
Com Sêneca,o sábio latino,por exemplo,
andei aprendendo algumas coisas por esses dias.
Aprendi que fazer planos para o futuro
é pura bobagem,já que não sabemos nem do dia seguinte.
Aprendi que viver na esperança do amanhã
pode me levar a deixar escapar o presente,
e que,portanto,devo tratar de viver cada dia
como se fosse a vida inteira.
Aprendi que todo o tempo já transcorrido
está no mesmo lugar e que todas as coisas
caem no mesmo buraco.
Aprendi,sobretudo,que o valor da vida
está no uso que podemos fazer dela
e não da sua duração.
UM FELIZ ANO NOVO PARA TODOS NÓS,APRENDENDO SEMPRE A VIVER.
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Ando gripado há uns três dias.Isto mesmo!Eu,Amarísio,peguei uma gripe daquelas de,no mínimo,sete dias;acho que para combinar com esta chuva que cai por aqui e já dura quatro dias ininterruptos.Ainda bem que já estou de férias e posso ficar em casa praticamente o dia todo me cuidando.Mas não vejo a hora de ficar livre da febre que vem e vai e,com ela,os delírios.Muito embora,eu não possa reclamar dos delírios.
Agora mesmo,eu estava deitado,o corpo febril e os delírios correndo soltos.Neles,acho que eu vislumbrei a criação de alguma obra de arte.Vi-me pintando algum quadro muito estranho,que até parecia algo bonito,mas que se apagava quando eu terminava de pintá-lo,e eu,então,recomeçava a pintura.
Saindo esgotado da pintura,que não se concluiu,comecei a criar versos.O engraçado é que fiz um esforço danado para sair rápido dos delírios e colocar os versos no papel.Consegui levantar e vim direto para o computador,mas percebo que só me lembro de alguns dos versos.Vou colocá-los aqui.Entendam meu gesto como uma continuação do meu delírio,se é que não estou mesmo delirando.Não sei se os que aqui vão são todos os do meu delírio de agorinha,pode ser que alguns sejam do delírio deste instante.Sei que alguns falam de um quadro e outros da primavera,que foi levada de vez com as águas desta chuva que insiste em cair lá fora.
Vocês que me lêem,acostumados a me predoar pelos meus versos,perdoem-me mais uma vez, com a atenuante de que estou a delirar( como se não estivesse a delirar nos outros dias!).
*****
O que somos se não o que compomos
em instantes de recriação?
A parede nos mostra um quadro
ou somos um quadro no quadro da parede?
Será que ainda teremos tempo
de terminar o quadro
ou ele já está pronto
esperando que o contemplemos?
*****
Não se pode dizer que a primavera passa
sem que os olhos da flor
que se fez cor e perfume
se tenha entristecido
por não a terem contemplado.
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
No princípio,era amor.
E o amor era tanto que dispensava palavras.
Falava-se com sorrisos,olhares,
beijos e abraços,
com gestos carinhosos e gentis.
Poucas e belas palavras eram ditas,
e todas sempre benditas.
E,no meio,ainda era amor.
Mas o amor já não era tanto
e exigia palavras.
Palavras que confirmassem o amor.
Mas as palavras questionavam,
as palavras julgavam,
condenavam,perdoavam,
prometiam,juravam.
E eram muitos os jogos de palavras,
cheios de meias palavras
que,dizendo nada,tudo diziam.
E,no fim,eram só palavras
que dispensavam o amor.
que anunciavam o fim,
que confirmavam a dor.
E foram tantas palavras malditas
que não deixaram saída,
a não ser o silêncio triste
que se seguiu a um ponto final.
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sábado, 6 de dezembro de 2008
Dos trilhões de dólares usados para contê-la.
Enquanto isso,lá,sempre lá,
aonde nunca fomos,
aonde nunca vamos,
o lugar que não conhecemos,
lá estão mãe e filho.
Ela que pariu aquele filho com amor e sofrimento,
que não sabe quem pariu a crise,
e nem mesmo o que é crise,
que não sabe o que é um derivativo,
um papel podre,
que não sabe o que é um produto interno bruto,
vai vivendo a vida em estado bruto
e só conhece a vida em pele e osso,
e só pensa que o filho que ela pariu,
um derivado seu,
pele da sua pele,
osso do seu osso,
aquele filho precisa de sua ajuda,
precisa de seu líquido sagrado
para continuar sobrevivendo,
para não ter seu coração falido.
E dos seios daquela mãe,
como em um milagre,
saem dezenas,e não trilhões,
de gotículas de vida,
que ela pensava não mais possuir,
mas sabia que as daria,todas,
ainda que perdesse a sua vida,
para que seu filho
continuasse a existir.
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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
roçando meus lábios.
Devoro teus beijos
que matam minha sede
e calam meus gemidos.
Contemplo teu rosto
que combina com meu gosto.
Ouço teus olhos
que me chamam para perto,
que me excitam
e me deixam inquieto.
Cubro-me com tua voz
que suaviza meu ser,
que me prende no teu ser
e me convida a te amar.
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terça-feira, 25 de novembro de 2008
O Recanto de Sonhos existe graças a Layla Lauar,do Ressaca de Homi,uma grande escritora, Poetisa maiúscula de versos delicados,líricos,profundos e esteticamente perfeitos,além de uma mulher de uma beleza e de um coração tão grandes,do tamanho que a gente quiser que seja. Aqui no recanto a arte maior é dela.Eu entro com os meus escritos,coloco algumas imagens que retiro no Google e vou tentando virar blogueiro e fazer jus ao belo espaço que ela criou para mim.Um dia,talvez,consiga contar melhor essa história.
Hoje o que eu queria dizer mesmo é que o nome do blog até poderia ser outro,mas nunca sem a palavra sonhos.Já me dei conta,há muito tempo,que tenho um certo fascínio com os sonhos,e os meus escritos revelam isto.As citações de Shakespeare e Fernado Pessoa que aparecem aqui no recanto estavam guardadas em minhas anotações,esperando,talvez, uma oportunidade como esta,e foram colocadas para traduzir minhas percepções.E,bem antes de me imaginar um blogueiro,eu já possuía o hábito de desejar a alguém uma boa noite,desejando-lhe sempre bons sonhos.
Vão,aqui,uns rabiscos,uma tentativa de poesia, de quando eu era um adolescente ainda (faz tempo! ) e já gostava de falar de sonhos:
************
Chega a noite,vou dormir,
vou sonhar,vou me iludir.
Sonhar que o mundo é belo,
colorido de amarelo,
sei lá,qualquer cor que seja.
Quero que o mundo também veja
a realidade do meu sonho
na alegria de uma criança,
num sorriso de esperança,
num gesto de vitória,
na mais bela história.
Quero sonhar com amor,
ainda que pareça ilusão.
Mas na vida de um sonhador
tudo não passa de imaginação!
Acordo,sonho acabado,
me vejo isolado,
me acho perdido,
sem sentido.
Então me proponho
a realizar meu sonho.
***********
Mais rimas do que poesia! Mas quando mostrei para minha mãe,ela sorriu e disse que era lindo.Coisas de mãe,não é?
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sábado, 22 de novembro de 2008
Faz um friozinho em pleno fim de primavera.
Guiado por uma saudade triste,
uma saudade de quem não tenho mais,
vou caminhando por pensamentos felizes.
Neles,as minhas mãos vão se afogando
lentamente nos seus cabelos,
minha boca, acariciando suavemente
cada pedacinho do seu rosto,
até que nossos lábios,de repente,
se entregam a um mesmo desejo
e nos amamos com paixão.
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terça-feira, 18 de novembro de 2008
e o silêncio é tudo o que sinto.
Sei que ainda terei os sonhos,
como os tenho todas as noites,
povoados por você,minha amada.
Sei também que,nos sonhos,
continuarei repetindo,
como uma prece,
aquele pedido que eu lhe fiz
logo depois do primeiro beijo
(você se lembra?)
- conte-me o segredo do seu perfume
ou me permita senti-lo sempre.
Mas,esta noite,
o que eu queria mesmo
era estar ao seu lado agora
para lhe dizer,simplesmente,
depois de um beijo,
- Boa noite,meu amor.
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sábado, 15 de novembro de 2008
Aqui estou eu,sentindo nos ouvidos,para não dizer no corpo inteiro,um barulho dos infernos que já se arrasta desde a noite de ontem pela vizinhança.Querendo falar de uma coisa desagradável,o inferno dos vivos,resolvi ser ameno no título e agradável na imagem.Espero que tenha conseguido.
É incrível a balbúrdia que os estudantes,na maioria,promovem na cidade onde moro e trabalho,uma cidade universitária.Pois é,o inferno é quase uma constante por aqui,e sempre acho que há dias mais infernais do que outros.Acreditem,não sou de exagerar.
Fui dormir tarde ontem e cheguei a pensar que não conseguiria.Desde que cheguei em casa,depois de um dia de trabalho,e já sonhando com o descanso merecido do final de mais uma semana,que sinto essa invasão de sons que vêm das ruas,dos apartamentos vizinhos,uma confusão de "músicas" de péssima qualidade que embalam as festas que vão acontecendo sem parar.O sono chegou,finalmente,trazido pelo cansaço.
Antes de dormir,no entanto,embalado pelo barulho infernal que vinha lá de fora,fui pensando nas notícias ruins que apareceram pelos jornais durante a semana que terminava.Sei que houve coisa boa acontecendo e sendo noticiada,mas não conseguia me lembrar de nenhuma.Acho que era o efeito das músicas ruins.Só me vinham à mente coisas como,'crianças assassinadas','quadrilhas que desviam recursos públicos','confronto entre policiais e traficantes nas favelas do Rio','crise financeira' e por aí vai.Estavam aí os ingredientes do meu sono,o enredo dos meus sonhos.
Felizmente,tive um sonho interessante,um sonho que valeu a pena ter sonhado.Nele,eu me vi um personagem da obra Cidades Invisíveis do escritor italiano Ítalo Calvino (1923-1985).Lógico que um figurante apenas,mas presente em um dos momentos marcantes da obra quando se fala do inferno dos vivos (oportuna a minha presença nesse momento da obra,não?).Já que não tenho a genialidade do escritor,o fabulista dos Contos Fantásticos,coube-me,pelo menos em sonho,viver um pouco da fantasia que ele criou.E me vi naquele momento do livro em que o Grande Khan,ouvindo as descrições das viagens imaginárias de Marco Polo às cidades invisíveis,chega a conclusão de que todas as cidades que ameaçam os homens em pesadelos e maldições são uma só.E foi o diálogo entre os dois que presenciei em meu sonho,como o descrito no livro:
Grande Khan: - É tudo inútil,se a última parada for,inevitavelmente,a cidade infernal,e se é para lá que,em círculos cada vez menores,a corrente nos arrasta.
Marco Polo: - O inferno dos vivos é aqui,o inferno em que vivemos todos os dias,o inferno que, juntos,formamos.Há duas maneiras de escapar de tal sofrimento.A primeira é fácil para muitos:aceitar o inferno e se tornar parte dele,com tamanha intensidade que já não se consiga sequer vê-lo.A segunda é arriscada e requer vigilância e preocupação constantes:aprender a identificar quem e o que,no meio do inferno,não é inferno,e preservá-los,e abrir-lhes espaço.
Esse foi o sonho de ontem.Agora já me preparo para dormir e sinto que o barulho infernal persiste lá fora.Quem sabe no sonho de hoje,se me vier algum,aparece-me uma indicação,pequena que seja,de como manter a esperança de continuar encontrando por aí o que e quem não seja inferno para,então,persistir na maneira arriscada de escapar do sofrimento.
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quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Você se afasta e eu fico triste.
Novas feridas surgem,mas eu não me dobro.
Se é meu peito o que mais dói,
coloco sobre ele as minhas mãos,
fingindo que são as suas,
e espalho sobre as feridas,
novas e antigas,
lembranças de uma história de amor.
Lembranças daquelas tardes,
quando eu lhe comprava flores,
pensando nos vários beijos que eu queria lhe dar,
beijos contínuos,ilimitados e infinitos
como a sua beleza.
Lembranças daquelas noites ardentes e suaves,
quando os nossos corpos se fundiam,
confundindo nossas almas.
Lembranças daquelas manhãs,
quando eu acordava feliz,
com o gosto dos seus beijos em minha boca,
e ficava a contemplar seu lindo rosto de anjo.
E é este o meu remédio:
um preparado de lembranças,
dissolvido em lágrimas,
enriquecido com amor e saudade,
com o sabor dos seus beijos
e o doce perfume do seu corpo.
E,se é seu o desamor
que me entristece,me amargura,
ainda é seu,mesmo passado,
o amor que me traz cura.
E,se houve instantes em que pensei
não mais a teria,
muitos há em que a tenho em demasia.
Novas feridas surgem,mas eu não me dobro.
Se é meu peito o que mais dói,
coloco sobre ele as minhas mãos,
fingindo que são as suas,
e espalho sobre as feridas,
novas e antigas,
lembranças de uma história de amor.
Lembranças daquelas tardes,
quando eu lhe comprava flores,
pensando nos vários beijos que eu queria lhe dar,
beijos contínuos,ilimitados e infinitos
como a sua beleza.
Lembranças daquelas noites ardentes e suaves,
quando os nossos corpos se fundiam,
confundindo nossas almas.
Lembranças daquelas manhãs,
quando eu acordava feliz,
com o gosto dos seus beijos em minha boca,
e ficava a contemplar seu lindo rosto de anjo.
E é este o meu remédio:
um preparado de lembranças,
dissolvido em lágrimas,
enriquecido com amor e saudade,
com o sabor dos seus beijos
e o doce perfume do seu corpo.
E,se é seu o desamor
que me entristece,me amargura,
ainda é seu,mesmo passado,
o amor que me traz cura.
E,se houve instantes em que pensei
não mais a teria,
muitos há em que a tenho em demasia.
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segunda-feira, 10 de novembro de 2008
DOR DO AMOR
A dor que eu sinto agora
é a dor da solidão.
O meu peito arde em chamas.
O meu coração eu já nem o sinto,
talvez tenha desistido de sê-lo,
cansado de tanto sofrimento.
E os meus olhos,ainda molhados,
revelam a melancolia
de quem aceita perder um pouco de si,
mas,neles,permanecem um brilho
como,em todo o meu ser,
permanece uma ceteza:
pior que a dor do amor
é o medo de amar.
A dor que eu sinto agora
é a dor da solidão.
O meu peito arde em chamas.
O meu coração eu já nem o sinto,
talvez tenha desistido de sê-lo,
cansado de tanto sofrimento.
E os meus olhos,ainda molhados,
revelam a melancolia
de quem aceita perder um pouco de si,
mas,neles,permanecem um brilho
como,em todo o meu ser,
permanece uma ceteza:
pior que a dor do amor
é o medo de amar.
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sexta-feira, 7 de novembro de 2008
O que dizer dessa mulher que me encantou desde os primeiros versos que dela li?
Que palavras poderia eu usar para traduzir os sentimentos que ela desperta em mim a cada vez que eu a leio?Não sei.Cecília sempre me provoca inquietação com o seu lirismo,sempre me provoca felicidade com sua a sua doçura e me deixa enternecido com a sua leveza profunda.
Neste dia em que comemoramos a sua existência perene,eterna,o que eu posso fazer para homenagear Cecília é repetir o que já gosto de fazer há muito tempo:sussurrar seus versos no correr do dia como se estivesse a fazer uma prece,a rezar um terço sem fim.É isto,não há o que dizer a não ser uma prece de gratidão à Cecília Meireles pelas lições de amor que eu encontrei na sua vida,na sua obra.
O melhor é deixar que os versos dela nos invadam hoje e em todos os dias e que o efêmero nesta homenagem de hoje dê lugar ao eterno nos versos de nossa vida.
PÁSSARO
Aquilo que ontem cantava
já não canta.
Morreu de uma flor na boca:
não do espinho na garganta.
Ele amava a água sem sede
e,em verdade,
tendo asas,fitava o tempo,
livre de necessidade.
Não foi desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca em silêncio
a desventura causada.
Se acaso isso é desventura:
ir-se a vida
sobre uma rosa tão bela,
por uma tênue ferida.
AQUI ESTÁ MINHA VIDA
Aqui está minha vida - esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha voz - esta concha vazia,
sombra de som curtindo seu próprio lamento.
Aqui está minha vida - este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança - este mar solitário
que de um lado era amor e,do outro,esquecimento.
Que palavras poderia eu usar para traduzir os sentimentos que ela desperta em mim a cada vez que eu a leio?Não sei.Cecília sempre me provoca inquietação com o seu lirismo,sempre me provoca felicidade com sua a sua doçura e me deixa enternecido com a sua leveza profunda.
Neste dia em que comemoramos a sua existência perene,eterna,o que eu posso fazer para homenagear Cecília é repetir o que já gosto de fazer há muito tempo:sussurrar seus versos no correr do dia como se estivesse a fazer uma prece,a rezar um terço sem fim.É isto,não há o que dizer a não ser uma prece de gratidão à Cecília Meireles pelas lições de amor que eu encontrei na sua vida,na sua obra.
O melhor é deixar que os versos dela nos invadam hoje e em todos os dias e que o efêmero nesta homenagem de hoje dê lugar ao eterno nos versos de nossa vida.
PÁSSARO
Aquilo que ontem cantava
já não canta.
Morreu de uma flor na boca:
não do espinho na garganta.
Ele amava a água sem sede
e,em verdade,
tendo asas,fitava o tempo,
livre de necessidade.
Não foi desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca em silêncio
a desventura causada.
Se acaso isso é desventura:
ir-se a vida
sobre uma rosa tão bela,
por uma tênue ferida.
AQUI ESTÁ MINHA VIDA
Aqui está minha vida - esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha voz - esta concha vazia,
sombra de som curtindo seu próprio lamento.
Aqui está minha vida - este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança - este mar solitário
que de um lado era amor e,do outro,esquecimento.
Muito obrigado Cecília Meireles.
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segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Deixaste-me e,desde então,
eu já te disse tantas palavras amargas,
provavelmente imperdoáveis,
quando o que eu mais queria era dizer
EU TE AMO.
A verdade é que eu já não te amo
com os meus olhos
que não mais te vêem,
nem com a minha boca
que não mais sente teus lábios,
nem com as minhas mãos
que não mais tocam teu corpo,
mas com o meu coração
que um dia se tornou teu abrigo,tua morada
e que só deixará de sê-lo
quando eu não mais existir.
eu já te disse tantas palavras amargas,
provavelmente imperdoáveis,
quando o que eu mais queria era dizer
EU TE AMO.
A verdade é que eu já não te amo
com os meus olhos
que não mais te vêem,
nem com a minha boca
que não mais sente teus lábios,
nem com as minhas mãos
que não mais tocam teu corpo,
mas com o meu coração
que um dia se tornou teu abrigo,tua morada
e que só deixará de sê-lo
quando eu não mais existir.
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Em homenagem a mais um aniversário de nascimento,
no dia 07 de novembro,da escritora Cecília Meireles,
o Blog Na dança das palavras,da Leonor Cordeiro,resolveu
promover uma comemoração com uma blogagem coletiva,
chamada de Hoje é dia de Cecília,na qual a poesia desta grande escritora
será distribuída na blogosfera.
Interessados,confirmem a participação lá no blog Na dança das palavras (http://leonorcordeiro.blogspot.com/)
Eu,com prazer,estarei lá.
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domingo, 2 de novembro de 2008
Misturam-se os sons
em vozes que se somam.
Perturba-se a alma
nos corredores do silêncio.
Consomem-se os olhos
nos instantes de ternura.
Contraem-se os nervos
em impulsos de loucura.
Perde-se o sonho
como se perde a vida.
Vai-se ao chão.
Já não é o primeiro tombo,
mas é um tombo.
Já não é a única dor,
mas é uma dor.
Mergulhar-se no nada
para sentir-se nada
(ou para nada sentir).
Adormecer o corpo.
Adormecer a alma.
Fugir da inquietação.
Não ser.
Perturba-se a alma
nos corredores do silêncio.
Consomem-se os olhos
nos instantes de ternura.
Contraem-se os nervos
em impulsos de loucura.
Perde-se o sonho
como se perde a vida.
Vai-se ao chão.
Já não é o primeiro tombo,
mas é um tombo.
Já não é a única dor,
mas é uma dor.
Mergulhar-se no nada
para sentir-se nada
(ou para nada sentir).
Adormecer o corpo.
Adormecer a alma.
Fugir da inquietação.
Não ser.
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quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Gosto muito de História.De História da Humanidade,em geral,e de História Grega em particular.Procuro sempre ler livros e assistir a documentários que tenham episódios e personagens históricos marcantes como tema.
Acredito que este gosto por História ajudou-me a confirmar uma suspeita despertada em mim por algumas obras da Literatura que andei lendo ao longo da vida,especialmente os grandes clássicos.A suspeita de que os problemas da humanidade,a condição humana,os defeitos e virtudes dos homens são os mesmos em todos os tempos,e que o que muda são apenas as circunstâncias.
O homem vem cometendo pecados desde que o mundo é mundo,sendo que alguns deles são mais freqüentes em certos períodos.As guerras,as formações de impérios,as histórias de intrigas e traições nos vários impérios,as revoluções etc não me deixam mentir.
Penso que a História me permite ver muitos dos fatos atuais com outros olhos.Quando ocorre um fato chocante como,por exemplo,um crime,um assassinato brutal,ele gera uma indignação,uma comoção social (ainda bem que é assim!),mas junto ao coro dos indignados há também o dos que acham que o que anda ocorrendo no mundo é um "sinal dos tempos" e ainda costumam acrescentar frases do tipo 'Nossa! Aonde vamos parar assim;ninguém respeita mais ninguém;ninguém respeita mais as leis de Deus'.
Muitos não sabem,mas,procurando,vão encontrar,em qualquer época da história da humanidade,crueldades piores do que as de hoje,cometidas,inclusive,em nome de algum deus.
Pois é,acho que a História nos traz a compreensão de que os defeitos humanos são os humanos defeitos,latentes em nós,prontos para serem colocados em prática a qualquer momento.E há sempre leis e circunstâncias tanto para contê-los quanto para fazê-los aflorar.
Quando se trata de analisar personagens históricos famosos e marcantes, então é que vemos que o julgameto da História é,em geral,o mais completo.Não digo o mais verdadeiro,até mesmo porque a História,já disse alguém,costuma ser escrita pelos vencedores.Há personagens que prevalecem pelas suas grandes contribuições para a humanidade,apesar dos seus inúmeros defeitos,suas crueldades,assim como há aqueles que são lembrados pelo mal que fizeram,pelas suas atrocidades,não sem algum reconhecimento de seus legados positivos.
Figuras fascinantes como Júlio César e Napoleão Bonaparte,por exemplo,biografados,analisados por muitos historiadores são daqueles personagens dos quais as reputações oscilam entre as de heróis e as de vilão (que nenhum francês me leia,já que eles têm Napoleão como um Deus).Mas o certo é que na avaliação de quase todos os historiadores,ambos não foram piores que os políticos de seus tempos,chegando a ser melhores muitas vezes,considerando quaisquer que fossem os objetivos e a moralidade de ambos.
Sobre esses grandes personagens históricos de todos os tempos,inclusive os mais recentes,eu me pergunto:Será que eles foram o que foram impulsionados pelos seus defeitos ou pelas suas virtudes? E aí recorro à Literatura e encontro em Clarice Lispector: "Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso.Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro".
Acredito que este gosto por História ajudou-me a confirmar uma suspeita despertada em mim por algumas obras da Literatura que andei lendo ao longo da vida,especialmente os grandes clássicos.A suspeita de que os problemas da humanidade,a condição humana,os defeitos e virtudes dos homens são os mesmos em todos os tempos,e que o que muda são apenas as circunstâncias.
O homem vem cometendo pecados desde que o mundo é mundo,sendo que alguns deles são mais freqüentes em certos períodos.As guerras,as formações de impérios,as histórias de intrigas e traições nos vários impérios,as revoluções etc não me deixam mentir.
Penso que a História me permite ver muitos dos fatos atuais com outros olhos.Quando ocorre um fato chocante como,por exemplo,um crime,um assassinato brutal,ele gera uma indignação,uma comoção social (ainda bem que é assim!),mas junto ao coro dos indignados há também o dos que acham que o que anda ocorrendo no mundo é um "sinal dos tempos" e ainda costumam acrescentar frases do tipo 'Nossa! Aonde vamos parar assim;ninguém respeita mais ninguém;ninguém respeita mais as leis de Deus'.
Muitos não sabem,mas,procurando,vão encontrar,em qualquer época da história da humanidade,crueldades piores do que as de hoje,cometidas,inclusive,em nome de algum deus.
Pois é,acho que a História nos traz a compreensão de que os defeitos humanos são os humanos defeitos,latentes em nós,prontos para serem colocados em prática a qualquer momento.E há sempre leis e circunstâncias tanto para contê-los quanto para fazê-los aflorar.
Quando se trata de analisar personagens históricos famosos e marcantes, então é que vemos que o julgameto da História é,em geral,o mais completo.Não digo o mais verdadeiro,até mesmo porque a História,já disse alguém,costuma ser escrita pelos vencedores.Há personagens que prevalecem pelas suas grandes contribuições para a humanidade,apesar dos seus inúmeros defeitos,suas crueldades,assim como há aqueles que são lembrados pelo mal que fizeram,pelas suas atrocidades,não sem algum reconhecimento de seus legados positivos.
Figuras fascinantes como Júlio César e Napoleão Bonaparte,por exemplo,biografados,analisados por muitos historiadores são daqueles personagens dos quais as reputações oscilam entre as de heróis e as de vilão (que nenhum francês me leia,já que eles têm Napoleão como um Deus).Mas o certo é que na avaliação de quase todos os historiadores,ambos não foram piores que os políticos de seus tempos,chegando a ser melhores muitas vezes,considerando quaisquer que fossem os objetivos e a moralidade de ambos.
Sobre esses grandes personagens históricos de todos os tempos,inclusive os mais recentes,eu me pergunto:Será que eles foram o que foram impulsionados pelos seus defeitos ou pelas suas virtudes? E aí recorro à Literatura e encontro em Clarice Lispector: "Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso.Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro".
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domingo, 26 de outubro de 2008
Porque te amo é que vivo
entre o que sou e o que quero.
Verdadeiro,quero ser inteiro.
Inteiro,quero ser completo.
Fraco,quero ser fortaleza.
Forte,quero ser terno.
Robusto,quero ser suave.
Denso,quero ser repleto.
Repleto,quero ser puro.
Intenso,quero ser remanso.
Náufrago,quero ser abrigo.
Amante,quero ser amigo.
Amigo,quero ser companheiro.
Distante,quero ser lembrança.
Ausente,quero ser saudade.
Simples,quero ser amor.
Amor,quero ser para sempre.
entre o que sou e o que quero.
Verdadeiro,quero ser inteiro.
Inteiro,quero ser completo.
Fraco,quero ser fortaleza.
Forte,quero ser terno.
Robusto,quero ser suave.
Denso,quero ser repleto.
Repleto,quero ser puro.
Intenso,quero ser remanso.
Náufrago,quero ser abrigo.
Amante,quero ser amigo.
Amigo,quero ser companheiro.
Distante,quero ser lembrança.
Ausente,quero ser saudade.
Simples,quero ser amor.
Amor,quero ser para sempre.
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quarta-feira, 22 de outubro de 2008
quando a tua ausência é um grito
a romper-me o silêncio.
Então invento teu corpo sob meus lençóis
e,olhos fechados,revivo tuas carícias.
Não me falta memória
para sentir em minha boca
o gosto doce do que bebi em teus seios,
para sentir em minha pele
o calor do teu corpo,
o furor dos teus beijos.
Transborda em mim
o desejo de esperar tua chegada
e,então,ser teu amante
por toda madrugada.
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segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Quando,na noite solitária,
uma dor pungente me invade,
não choro o choro da saudade,
espero o sonho,
o sonho é minha realidade.
Quando,na manhã,não a percebo
(você não veio),
não me desespero,
espero,
pois sei que,se você não veio no hoje
que já veio,
virá no amanhã,
que sempre vem.
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sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Teus olhos enternecem meus olhos,
e os nossos olhares são confissões incontidas,
revelando suaves desejos de primavera.
Teus lábios enlouquecem meus lábios,
e os nossos beijos,molhados de desejos,
são lábios que dançam,extáticos,livres.
Teus seios fomentam meu êxtase,
e os nossos delírios são poesias,
confidências em versos sentidos,
sonetos de intimidade.
Teu corpo sublima meu corpo,
e o nosso amor são penetrações consentidas,
gemidos em dó maior,
numa harmonia intermitente,
porém interminável.
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segunda-feira, 13 de outubro de 2008
A noite ia ser longa.Imaginava até que nem conseguiria dormir,tamanha a ansiedade que tomava conta dele.Ela chegaria na manhã seguinte.Há três anos não se viam;pouco se falaram nesse tempo,e esse pouco seria nada,não fosse ele um persistente incorrigível.
Ainda era dia claro quando resolveu deitar-se.Já acostumado a ter as noites a lembrar-lhe de uma ausência,desejou esta noite,véspera de uma tão esperada presença.Não tendo o poder de adiantar o tempo,fez o que podia:fechou todas as janelas da casa,todas as cortinas,não permitindo uma fresta sequer que acusasse o dia.Sentiu-se poderoso,criando a sua noite e,com um sorriso nos lábios,disse 'Fiat Noctum'.
Agora,estava ele em sua cama,contraído,pensando em como seria o reencontro com o grande amor da sua vida,o reencontro desejado,sonhado por tantas noites solitárias.Pensava no que iria falar,se choraria,se haveria beijos e abraços,se falariam das angústias,se suas almas se reconheceriam,se haveria um novo começo.Pensava no martírio de lembranças que a distância criou nesses anos todos de ausência.Pensava,e sentia o seu coração doer,na mais cruel das dúvidas:ela ainda o amava?
Não querendo mais pensar e querendo,mais do que tudo,que o outro dia chegasse logo,ele começou a recitar os versos que escreveu para ela(centenas) nesse tempo todo de abandono.
E o sono,que não costuma ser generoso com os aflitos,apiedou-se daquele coração cheio de amor e invadiu-lhe os sentidos no momento exato em que ele,o persistente incorrigível,sussurava:'esperar-te-ei até o fim dos meus dias'.
Ainda era dia claro quando resolveu deitar-se.Já acostumado a ter as noites a lembrar-lhe de uma ausência,desejou esta noite,véspera de uma tão esperada presença.Não tendo o poder de adiantar o tempo,fez o que podia:fechou todas as janelas da casa,todas as cortinas,não permitindo uma fresta sequer que acusasse o dia.Sentiu-se poderoso,criando a sua noite e,com um sorriso nos lábios,disse 'Fiat Noctum'.
Agora,estava ele em sua cama,contraído,pensando em como seria o reencontro com o grande amor da sua vida,o reencontro desejado,sonhado por tantas noites solitárias.Pensava no que iria falar,se choraria,se haveria beijos e abraços,se falariam das angústias,se suas almas se reconheceriam,se haveria um novo começo.Pensava no martírio de lembranças que a distância criou nesses anos todos de ausência.Pensava,e sentia o seu coração doer,na mais cruel das dúvidas:ela ainda o amava?
Não querendo mais pensar e querendo,mais do que tudo,que o outro dia chegasse logo,ele começou a recitar os versos que escreveu para ela(centenas) nesse tempo todo de abandono.
E o sono,que não costuma ser generoso com os aflitos,apiedou-se daquele coração cheio de amor e invadiu-lhe os sentidos no momento exato em que ele,o persistente incorrigível,sussurava:'esperar-te-ei até o fim dos meus dias'.
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sábado, 11 de outubro de 2008
Hoje é um daqueles dias,como muitos outros,
em que me entrego docemente à saudade
e sinto que todo o meu ser
é só o meu coração.
Não sei se de fato é assim,
mas creio que quem passa por mim
vai ouvindo do meu coração
o não segredo que ele revela,
pois cada batida dele ecoa o nome dela.
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quarta-feira, 1 de outubro de 2008
BEIJOS GUARDADOS
Naquele tempo em que a minha boca ávida
buscava na tua,além do amor,a vida
guardei teus beijos,todos, dentro de mim.
E,no beijo que me deste na partida,
o prenúncio de um inverno sem fim.
Ficou o frio,foi-se o amor sem despedida.
Ficaram,em mim,teus beijos,minha vida.
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quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Ando pensando,e não é de agora, no valor que damos a uma bonita fala,cheia de belas palavras,de palavras bem ditas,ornamentos que são na expressão dos sentimentos,dos desejos,das intenções.
Valorizamos muito um discurso bem elaborado,as "frases de efeito",e nem sempre pensamos no que pode estar oculto nas palavras,na verdade que elas podem esconder.
Eu,quase sempre que ouço a fala de um político,de uma autoridade qualquer,de um intelectual,um juramento de um graduando em sua colação de grau,lembro-me das palavras de Eurípides citadas por Erasmo de Rotterdam em seu Elogio da Loucura:"Os sábios têm duas línguas,uma para dizer o que pensam e a outra para falar conforme as circunstâncias:quando querem,têm talento para fazer o preto aparecer como o branco e o branco como preto,soprando com a mesma boca o calor e o frio e exprimindo com palavras exatamente o contrário do que sentem no peito".
O sábio humanista holandês do século XVI cita tais palavras,evocando o grande poeta trágico grego do século V a.C,que,em suas obras,já dava ênfase na análise psicológica e entendia o privilégio dos tolos (sequazes da loucura,segundo Erasmo) de poder falar com toda sinceridade e franqueza,de trazerem impressos na cabeça e manifestarem com palavras o que encerram no coração.Erasmo ainda pergunta,já sabedor da resposta: "Haverá coisa mais louvável que a verdade?".
Creio que o que levou Eurípides a restringir aos sábios o privilégio das "duas línguas" deve ser uma questão de contexto;em seu tempo,sábios,provavelmente,eram os que detinham o poder da palavra.Podemos,sem dúvida,estender tal atributo a todos,sábios ou não (sabidos,talvez),que fazem uso das palavras,seja para comunicar,para persuadir,para dialogar,para louvar,para declarar um sentimento etc.
Em tempos de campanhas políticas,por exemplo, é natural pensarmos nas duas línguas dos políticos (sem falar na "cara de pau").É com essa habilidade que eles agem.Mas é bom pensarmos também que é com essa habilidade que,em certas ocasiões,dizemos,não o que pensamos,mas o que nos convém.E,convenhamos,quase ninguém deseja de fato a verdade.
Valorizamos muito um discurso bem elaborado,as "frases de efeito",e nem sempre pensamos no que pode estar oculto nas palavras,na verdade que elas podem esconder.
Eu,quase sempre que ouço a fala de um político,de uma autoridade qualquer,de um intelectual,um juramento de um graduando em sua colação de grau,lembro-me das palavras de Eurípides citadas por Erasmo de Rotterdam em seu Elogio da Loucura:"Os sábios têm duas línguas,uma para dizer o que pensam e a outra para falar conforme as circunstâncias:quando querem,têm talento para fazer o preto aparecer como o branco e o branco como preto,soprando com a mesma boca o calor e o frio e exprimindo com palavras exatamente o contrário do que sentem no peito".
O sábio humanista holandês do século XVI cita tais palavras,evocando o grande poeta trágico grego do século V a.C,que,em suas obras,já dava ênfase na análise psicológica e entendia o privilégio dos tolos (sequazes da loucura,segundo Erasmo) de poder falar com toda sinceridade e franqueza,de trazerem impressos na cabeça e manifestarem com palavras o que encerram no coração.Erasmo ainda pergunta,já sabedor da resposta: "Haverá coisa mais louvável que a verdade?".
Creio que o que levou Eurípides a restringir aos sábios o privilégio das "duas línguas" deve ser uma questão de contexto;em seu tempo,sábios,provavelmente,eram os que detinham o poder da palavra.Podemos,sem dúvida,estender tal atributo a todos,sábios ou não (sabidos,talvez),que fazem uso das palavras,seja para comunicar,para persuadir,para dialogar,para louvar,para declarar um sentimento etc.
Em tempos de campanhas políticas,por exemplo, é natural pensarmos nas duas línguas dos políticos (sem falar na "cara de pau").É com essa habilidade que eles agem.Mas é bom pensarmos também que é com essa habilidade que,em certas ocasiões,dizemos,não o que pensamos,mas o que nos convém.E,convenhamos,quase ninguém deseja de fato a verdade.
O certo é que quem tem o dom da oratória e sabe derramar palavras bonitas para todas as ocasiões costuma valer mais do que pesa (ou seria pesar mais do que vale?). (continua...)
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domingo, 7 de setembro de 2008
Dizem que mal de amor se cura com o tempo.É só esperar que os dias passem;não há ferida que não cicatrize,não há amor que resista.
A verdade é que,querendo sair do sofrimento,o doente de amor passa os dias tentando ajudar o tempo nessa tarefa da cura.Assim,ele começa a represar suas lágrimas,a abafar seus gemidos,a fechar seus olhos,a calar sua voz e a repreender sua memória(ah! essa memória que insiste em nos fazer voltar no tempo,e sem a qual não somos).
Mas é preciso mais.Dá-se,então,início a um novo tempo,o tempo da desconstrução,das indelicadezas,da indiferença,no qual o doente de amor irá se encarregar de apagar os sentimentos,de desatar os laços de ternura que o prendiam ao ser amado;uma tarefa nada fácil quando os laços não são simples,quando eles já se tornaram nós.
É o senso prático que dita que assim seja.Já que o tempo cura tudo,o que importa é o tempo que vem e não o que já foi.Fora disso,tudo é loucura,é sonho,pois só os loucos,os sonhadores querem insistir em um amor que já não é correspondido e viver na loucura,recitando poesias ao vento,buscando na memória cada instante de prazer vivido ao lado do seu amor,dialogando com a lua e com as estrelas,viajando no tempo sem querer voltar,sentindo o cheiro da pessoa amada.
É assim que vivo os meus dias,numa loucura suave. Em meu ser tudo é tempo,que despreza o tempo que veio antes de eu conhecer minha amada e não consegue alcançar o tempo que me faça esquecê-la.Já não vislumbro o tempo que me cure,já não espero o amor,já não desejo mais nada nos dias que vêm,a não ser descansar em meus sonhos e amar,amar,amar,amar,amar,amar,amar....
A verdade é que,querendo sair do sofrimento,o doente de amor passa os dias tentando ajudar o tempo nessa tarefa da cura.Assim,ele começa a represar suas lágrimas,a abafar seus gemidos,a fechar seus olhos,a calar sua voz e a repreender sua memória(ah! essa memória que insiste em nos fazer voltar no tempo,e sem a qual não somos).
Mas é preciso mais.Dá-se,então,início a um novo tempo,o tempo da desconstrução,das indelicadezas,da indiferença,no qual o doente de amor irá se encarregar de apagar os sentimentos,de desatar os laços de ternura que o prendiam ao ser amado;uma tarefa nada fácil quando os laços não são simples,quando eles já se tornaram nós.
É o senso prático que dita que assim seja.Já que o tempo cura tudo,o que importa é o tempo que vem e não o que já foi.Fora disso,tudo é loucura,é sonho,pois só os loucos,os sonhadores querem insistir em um amor que já não é correspondido e viver na loucura,recitando poesias ao vento,buscando na memória cada instante de prazer vivido ao lado do seu amor,dialogando com a lua e com as estrelas,viajando no tempo sem querer voltar,sentindo o cheiro da pessoa amada.
É assim que vivo os meus dias,numa loucura suave. Em meu ser tudo é tempo,que despreza o tempo que veio antes de eu conhecer minha amada e não consegue alcançar o tempo que me faça esquecê-la.Já não vislumbro o tempo que me cure,já não espero o amor,já não desejo mais nada nos dias que vêm,a não ser descansar em meus sonhos e amar,amar,amar,amar,amar,amar,amar....
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terça-feira, 26 de agosto de 2008
Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca como a neve,
me leve no coração.
E se aí também não possa
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina de branca neve,
me leve no esquecimento.
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